Constituido pelas companhias: Companhia de Comando e Serviços, Companhia de Caçadores 3346, Companhia de Caçadores 3347 e Companhia de Caçadores3348. Serviu em Angola desde Maio de 1971 a Maio de 1973. E destinado aos ex combatentes e familiares. Tivemos junto a nós, em ZEMBA, os PELMORT 2166 até 20/11/71, sendo rendido pelo 3060. Existiu, ainda uma secção de Fotocine e outra da Eng Militar. São combatentes que connosco conviveram. Também, para eles, este grupo está aberto
35º ENCONTRO DO BATALHÃO DE CAÇADORES 3840
domingo, 14 de julho de 2013
Seringas da 3348
Bandeira
UNIDOS SOMOS INVENCIVEIS
Página dedicada aos ex - militares do Batalhão de Caçadores 3840, que tiveram por divisa:
“UNIDOS SOMOS INVENCÍVEIS”.
Passaram-se 48 e 46 anos da partida e chegada, e continuam a recordar o que de bom se passou.
Nestas linhas queremos homenagear aqueles que decorridos tantos anos, com as dificuldades da vida se encontram para recordar amigos e companheiros. Também para aqueles “que da lei da morte se foram libertando” e “no assento etéreo vão subindo” nós vamos lembrando “seus feitos valorosos”
Hotel de Zemba (Maio 71 a Julho72)
Quem é este Camarada?
ANIVERSÁRIOS
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BATALHÃO DE CAÇADORES 3840
MOBILIZAÇÃO, COMPOSIÇÃO E DESLOCAMENTO PARA A REGIÃO MILITAR DE ANGOLA
MOBILIZAÇÃO E INSTRUÇÃO
1 – MOBILIZAÇÃO:
- O B.Caç 3840 tem como Unidade Mobilizadora o Regimento de Infantaria nº 16, aquartelado em Évora;
- De 18 a 26 de Fevereiro de 1971. foi o período destinado à concentração e organização;
- No dia 1 de Março de 1971 apresentou-se no R.I. 16 o Exmº Comandante do Batalhão – Tenente
Coronel de Infantaria António Fernandes da Graça, vindo da RSP/DSP/ME, onde se encontrava
a prestar serviço;
- Os oficiais e sargentos, nomeadamente os atiradores e de armas pesadas, com excepção do Snr
Capitão Comandante da C.Caç 3346, estiveram presentes desde o início da E.R., admitindo,
assim, que o enquadramento obtido se possa considerar regular;
- O pessoal que constitui o Bcaç 3840 é oriundo de quase todas as regiões do país,
predominando, no entanto, na tropa combatente, elementos dos distritos do Porto e Braga;
- Em conformidade com os actuais Q.Orgânicos, o Batalhão recebeu, já no Campo Militar do
Grafanil as praças Ultramarinas (NA) “Atiradores” destinadas às Companhias Operacionais e
que constam na “Composição”. Pertencem ao R.I. nº 22 e ficaram na situação de diligência
nas diferentes Companhias do Batalhão;
2 – INSTRUÇÃO:
a . Escola de Recrutas e Escola de Cabos
- Funcionou no R.I. 16, iniciando-se em 30 de Novembro de 1970 e terminando em 19 de Fevereiro
de 1971. Tomaram parte na E.Recrutas o Director da Instrução – Exmº Major de Infantaria
Arnaldo Manuel Serra Gomes, os Comandantes de Companhia:
- CCS – Sr Capitão Graduado Fernando António Ramos;
- CCaç 3347 – Sr Capitão Graduado Manuel Camara Rodrigues;
- CCaç 3348 – Sr Capitão Graduado Manuel Ambrósio de Morais Freitas; e bem assim os subalternos
e graduados atiradores e de armas pesadas.O Comandante da CCaç 3346 apresentou-se mais
tarde, tendo baixado ao H.M.P. e posteriormente considerado apto para os serviços auxiliares,
pelo que o comando desta Companhia foi entregue ao sr Asp.Of.Miliciano António V.C.Lemos
Peliz. Ministraram-se, durante o período referido, as especialidades de “Atiradores”,“Armas
Pesadas” , “Corneteiros” e “Auxiliares de Cozinheiro”. Nos diversos Centros de Instrução do
país ministraram-se os ensinamentos referentes às restantes especialidades . Terminada a
Instrução Especial o pessoal mobilizado entrou de férias do Carnaval por 3 dias.
b. Instrução de Aperfeiçoamento Operacional
- Esta instrução decorreu nos arredores de Évora, com exercícios de campo subordinados a temas
que visaram mentalizar todo o pessoal para o género de luta que futuramente lhes iria ser
exigida. Foram conseguidos bons resultados em virtude do cuidado, dedicação e interesse que
todos, instruendos e instrutores, puseram na execução dos vários temas elaborados. A 1ª
parte da referida instrução decorreu de 1 a 20 de Março de 1971 e a 2ª parte de 21 de Março
a 2 de Abril de 1971.
- Após a apresentação do Batalhão no CIM de Santa Margarida em 15 de Abril de 1971, data em
que terminou o período de 10 dias de licença nos termos das NHCCMU, iniciou-se uma autêntica
2ª fase da I.A.º nas pistas de combate do referido Campo de InstruçãoMilitar, em virtude
da data de embarque marcada para 17 de Abril, ter sido adiada para 15 de Maio de 1971.
É de salientar a excelente colaboração que logo, desde a primeira hora, foi prestada ao
Batalhão pelo Comando e todo o pessoal do CIM, durante o período de estadia do Batalhão,
que decorreu desde o dia 19 de Abrial até 14 de Maio de 1971, dado que a licença concedida
foi prolongada até 18 de Abril, salienta-se a particular atenção ali havida com os
elementos das várias especialidades, mormente rádio-telegrafistas, condutores e operadores
cripto, que estiveram integrados em serviços das suas especialidades no CIM.
c. Aproveitamento
- Duma maneira geral toda a instrução ministrada atingiu a sua finalidade, sendo de salientar
os exercícios realizados no campo e o das pistas de combate que tiveram importância
fundamental para que todos os militares que neles tomaram parte enfrentassem situações que
foram criadas com o fim de as aproximar o mais possível das que no Ultramar virão a surgir.
3 – CERIMÓNIAS QUE ANTECEDERAM O EMBARQUE:
a. - Em Évora
b. - Benção e entrega do guião do Batalhão
No dia 3 de Abril de 1971 às 10h30 na Igreja de S.Francisco após celebração da missa e na
presença de S.Exª o General Comandante da Região Militar de Évora, Exmº Comandante do R.I.
16, Comandante do Batalhão e outras individualidades civis e militares, procedeu-se à
benção solene do Guião da Unidade, bem como de algumas imagens ofertadas pelo Movimento
Nacional Feminino.
Após a cerimónia e já na parada do R.I. 16 com todas as companhias formadas, S.Exª o
General Comandante da RME fez entrega do guião ao Exmº Comandante do BCaç 3840
Seguiram-se as palavras de entusiasmo e apreço pelo esforço heróico das nossas tropas em
serviço no Ultramar, bem como de apelo ao dever patriótico de cada soldado, em alocuções
breves do Exmº Comandante do RI 16, seguido de S.Exª o General Comandante doRME.
Terminou o Exmº Comandante do Batalhão, que após ter apreciado e corroborado as palavras
ali proferidas, agradeceu a colaboração de todos, em especial do pessoal do R.I.16.
O Batalhão apresentou-se na sua máxima força, desfilou então diante da tribuna onde estava
presente para receber as honras do estilo S.Exª o General Comandante da Região Militar de
Évora.
c . Em Santa Margarida (CIM
- O Batalhão recebeu a visita de S.Exª o General Comandante da Região Militar de Tomar que
se deslocou ali expressamente para se despedir do Batalhão.
d. No Cais da Rocha do Conde de Óbidos
- Perante S.Exª o Brigadeiro José Lúcio Possidónio da Silva que se encontrava no cais de
embarque para apresentar cumprimentos de despedida em representação de S.Exª o Ministro do
Exército, as tropas desfilaram em continência, seguindo-se imediatamente o embarque, que
ficaria concluido cerca das 12h00 do dia 15 de Maio de 1971.
4 – DESLOCAMENTO PARA A REGIÃO MILITAR DE ANGOLA
a. Em 13 de Maio de 1971 embarcaram no aeroporto de Lisboa em avião da FAP, com destino a Luanda o Exmº Comandante do Batalhão e o Exmº Major Adjunto, tendo desembarcado em Luanda em 14 de Maio.
Após contactos com as Repartições respectivas do QG/RMA, o Exmº Comandante foi informado
que o Batalhão iria render o BCav 2909 que se encontrava sediado na AM1 cujo Comando
estava a ocupar o Sub-Sector ZBA (ZEMBA) e tinha outras duas Companhias no Mucondo e em
Cambamba.
b. Aos primeiros minutos do dia 15 de Maio de 1971 em conformidade com a ordem de deslocamento
emanada da respectiva entidade militar o BCAÇ3840 Comandado pelo Exmº 2º ComandanteMajor
de Infantaria João Maria Antunes, começava a ocupar o comboio especial estacionado na
estação de Santa Margarida. Cerca das 2H00 do mesmo dia iniciava a sua marcha com destino
à Rocha do Conde de Óbidos – Lisboa, onde chegou cerca das 6h30.
c. Após a cerimónia do desfile, já no cais de embarque, perante S.Exª o Brigadeiro José Lúcio
Possidónio da Silva, o BCAÇ3840, já instalado no N/M/VERA CRUZ, rumava com destino a Angola pelas 151130MAI71.
d. Durante os 10 dias de viagem foi ministrada a todo o pessoal instruções sobre a profilaxia das doenças tropicais, acção psicológica, relações com as autoridades civis e populações, e bem assim o conhecimento das NEP em vigor na RMA.
e. Em 24 de Maio o BCAÇ3840 desembarcava no cais do Porto de Luanda, tendo seguido em Caminhode Ferro para o Campo Militar do Grafanil onde ficou instalado. Neste mesmo dia o Batalhão, juntamente com as Unidades que também desembarcaram vindas da Metrópole, desfilou perante S.Exª o 2º Comandante da Região Militar de Angola Brigadeiro Amélio Pereira da Conceição.
f. De 25 a 28 de Maio de 1971, o Comando, Estado Maior do Batalhão, Comandantes de Companhia,
pessoal das especialidades de acordo com horário difundido pelo QG/RMA, contactaram com as várias Repartições e Chefias de Serviços, a fim de serem esclarecidos sobre a situação e desempenho das suas funções na RMA.
g. Durante o tempo de permanência no Grafanil o pessoal recebeu instrução de tiro e recebeu
o equipamento e armamento individual.
Em 290500MAI71 partiu o 1º Escalão do BCAÇ3840 em coluna auto para a Zona de Operações,
ocupando na AM1 o Sub-Sector “ZEMBA”, onde chegou cerca das 18h30 do mesmo dia.
h. Em 070500JUN71 partiu do CMGrafanil o 2º Escalão do Batalhão tendo chegado à AM1 Sub-Sector “ZEMBA” cerca das 18h30 do mesmo dia. Com a chegada do 2º Escalão o BCAV2909 é totalmente rendido no Sub-Sector “ZEMBA”, pelo que a responsabilidade do mesmo Sub-Sector passa para o BCAÇ3840 a partir de então (080000JUN71).
COMBATENTES DO B.CAÇ.3840
Capitão Graduado Manuel Câmara Rodrigues MÉDICO Alferes Médico Miguel Hart Campos FORMAÇÃO
Comandante – 1º Sargento António Joaquim Eustáquio Secção do Comando
Escriturário- 1º Cabo nº 09461270- António Melo de Sousa Castro Corneteiro - 1º Cabo nº 10277770 – Manuel da Costa Rosário Corneteiro – Soldado nº 07514070 – Mário Carlos Antunes Corneteiro – Soldado nº 07562570 – João das Dores Lança Quarteleiro (C.A.R.) – 1º Cabo nº 10090370 – António João Amaro Aux. Quart. (C.A.R.) – Soldado nº 02754270 – Mário da Silva Mais Secção de Transmissões
Comandante – Furriel Miliciano João dos Santos Pauleta Cifrador (Op.Cripto) – 1º Cabo nº 07041070 – Carlos Maria Dias Felício Cifrador (Op.Cripto) – 1º Cabo nº 07124470 – Américo Fernando F. da Silva Radiotelegrafista – 1º Cabo nº 01941170 – Alberto Correia Palhares Radiotelegrafista – Soldado nº 01625470 – José Ferreira dos Anjos Radiotelegrafista – Soldado nº 01735370 – Manuel Fernandes J. Rocha Radiotelefonista – 1º Cabo nº 13687970 – Ilídio de Magalhães Ribeiro Radiotelefonista – Soldado nº 09967270 – Joaquim José da C. Ricardo Radiotelefonista – Soldado nº 09968870 – António C.M. Carneirinho Radiotelefonista – Soldado nº 10402370 – Augusto Maria da Silva Radiotelefonista – Soldado nº 10493570 – António de Brito Serodeo Secção de Alimentação
Comandante – Furriel Miliciano José Sebastião Pereira Gaspar Cozinheiro – 1º Cabo nº 12761870 – Evaristo Couto Soares Aux. Cozinha – Soldado nº 08490970 – José Cavaco Dias Aux. Cozinha – Soldado nº 04510170 – Jorge Paiva Leite Aux. Cozinha – Soldado nº 15801170 – José Evangelista N. Diogo Básico – Soldado nº 11741570 – António Manuel A. Rodrigues Básico – Soldado nº 17866870 – Fernando Raimundo Gaspar Secção Auto e de Manutenção
Comandante – Furriel Miliciano Carlos Alberto Rodrigues Andrade Ajud. Mec Auto – 1º Cabo nº 09442270 - Carlos Manuel C. Florêncio Ajud. Mec Auto – 1º Cabo nº 10870870 – Fernando Monteiro Albino Ajud. Mec Auto – Soldado nº 14819070 – Manuel Gordilho Bito Fontes Mec. Arm. Ligeiro – 1º Cabo nº08657970 – Avelino Fonseca da Cunha Reab. Material – 1º Cabo nº 12306570 – Eduardo Reis Oliveira Cond. Auto Rodas – Soldado nº 06228170- Joaquim Alexandre Martinho Cond. Auto Rodas – Soldado nº 06312670 – Carlos Alberto C. Silva Cond. Auto Rodas – Soldado nº 06377570 – Virgílio Damião A. Alberto Cond. Auto Rodas – Soldado nº 06496870 – Henrique Dias Lavrador Cond. Auto Rodas – Soldado nº 06538670 – Helder Luis Fernandes Cond. Auto Rodas – Soldado nº 06956070 – Crispim Ferreira de Oliveira Cond. Auto Rodas – Soldado nº 07183870 – António Guimarães dos Santos Cond. Auto Rodas – Soldado nº 07258170 – José da Silva Soqueiro Cond. Auto Rodas – Soldado nº 07464870 – Rui Fernando Lamas Martins Cond. Auto Rodas – Soldado nº 07582370 – José Fernandes F. Pizarro Cond. Auto Rodas – Soldado nº 07582770 – José Carlos Gomes da Silva Cond. Auto Rodas – Soldado nº 07589470 – José Gonçalves Cond. Auto Rodas – Soldado nº 07591170 – Domingos Manuel G. Jorge Cond. Auto Rodas – Soldado nº 07617570 – Manuel Teixeira Guerra Secção Sanitária
Comandante – Furriel Miliciano Rogério Pires de Carvalho Aux. Enf. – 1º Cabo nº 02991370 – José Pereira de Matos Aux. Enf. – 1º Cabo nº 03334670 – José de Oliveira Veiga Aux. Enf. – 1º Cabo nº 06032970 – Dionísio Dias de Jesus 1º Grupo de Combate
2º Grupo de Combate
3º Grupo de Combate
Capitão Graduado Manuel Ambrósio de Morais Freitas MÉDICO Alferes Médico António Batista da Ressurreiçao FORMAÇÃO
Comandante – 1º Sargento Francisco dos Santos Pisco Secção do Comando
Escriturário- 1º Cabo nº 12825170 – Manuel A.C. Magalhães Corneteiro - 1º Cabo nº 11207570 – António M. Raposo Ameixa Corneteiro – Soldado nº 08457370 – António Carlos Gil Cansado Corneteiro – Soldado nº 07577670 – José Teofilo da Conceição Quarteleiro – 1º Cabo nº 15469970 – Joaquim A. Silva Madeira Aux. Quart. (C.A.R.) – Soldado nº 0763670 – Casimiro R. Carneiro Secção de Transmissões
Comandante – Furriel Miliciano Isidoro Serafim Rodrigues Cifrador (Op.Cripto) – 1º Cabo nº 14849270 – José A. Maia Resende Cifrador (Op.Cripto) – 1º Cabo nº 09988769 – Carlos A.C.A. Farinha Radiotelegrafista – 1º Cabo nº 13849170 – Eduardo A. Mota Radiotelegrafista – Soldado nº 01932570 – Manuel F. Gomes Radiotelegrafista – Soldado nº 02761470 – Agostinho J. Joaquim Radiotelefonista – 1º Cabo nº 10547370 - Joaquim Martins Gaspar Radiotelefonista – Soldado nº 10515270 - Luciano M.E. Caixinha Radiotelegrafista – Soldado nº 10982270 – Manuel Joaquim F. Madaleno Radiotelegrafista – Soldado nº 11345970 – João dos Anjos da Silva Radiotelegrafista – Soldado nº 11612970 – António G. Martins Secção de Alimentação
Comandante – Furriel Miliciano António Manuel Garcia de Oliveira Cozinheiro – 1º Cabo nº 05724770 – José Augusto A. Martins Aux. Cozinha – Soldado nº 11438470 – Cristovão Mendes B. Lima Aux. Cozinha – Soldado nº 17396070 – José Maria da Silva Aux. Cozinha – Soldado nº 17706770 – Joaquim A. Diogo Parreira Básico – Soldado nº 15005770 – Otílio da Fonseca Pereira Básico – Soldado nº 14633770 – António dos Santos Sobral Secção Auto e de Manutenção
Comandante – Furriel Miliciano Carlos Alberto Ribeiro Ajud. Mec Auto – 1º Cabo nº 13866970 – Vitor Manuel Martins Afonso Ajud. Mec Auto – 1º Cabo nº 14721370 – José Tomaz Beatriz Ajud. Mec Auto – Soldado nº 02304770 – António da Conceição Damásio Mec. Arm. Ligeiro – 1º Cabo nº 01675170 – Vitalino José S.R. Pereira Reab. Material – 1º Cabo nº 11113470 – António Manuel M. Francisquinho Cond. Auto Rodas – Soldado nº 07637870 – António A. Gonçalves Cond. Auto Rodas – Soldado nº 07644770 – Luis M.D. Guerra Cond. Auto Rodas – Soldado nº 07647070 – Serafim M. Cardoso Cond. Auto Rodas – Soldado nº 07650870 – Joaquim M. Oliveira Cond. Auto Rodas – Soldado nº 07654870 – José J. L. Carvalho Cond. Auto Rodas – Soldado nº 07656670 – António J.M. Leandro Cond. Auto Rodas – Soldado nº 07670970 – José C.S. Oliveira Cond. Auto Rodas – Soldado nº 07673770 – João L.M. Roseiras Cond. Auto Rodas – Soldado nº 07679370 – Albino Oliveira Cond. Auto Rodas – Soldado nº 07705570 – João M-M. Pereira Cond. Auto Rodas – Soldado nº 10408770 – Firmino Machado Batista Cond. Auto Rodas – Soldado nº 10424770 – António Pinto Batista Secção Sanitária
Comandante – Furriel Miliciano António Abel M.C. da Silva Aux. Enf. – 1º Cabo nº 04639670 - Francisco H.A. da Silva Aux. Enf. – 1º Cabo nº 12923969 – Manuel J. R. da Palma Aux. Enf. – 1º Cabo nº 02179970 – António J.A.A. de Sousa 1º Grupo de Combate
2º Grupo de Combate
3º Grupo de Combate
4º Grupo de Combate
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DIÁRIO DE UM COMBATENTE
DIÁRIO DE UM COMBATENTE
Se me perguntarem por que razãoescrevi este diário, hoje não sei responder.
Tenho pensado muito no assunto e, a esta distância, só vejo uma explicação: talvez, no meu íntimo, eu percebesse que estava a viver momentos de tal maneira marcantes na minha vida que teria que os registar para sempre.
De qualquer forma, o caderno onde escrevi este diário ficou muitos anos esquecido.
Esteve guardado no baú das coisas de pouca serventia, mas também no baú da memória.
Só quando, passado muito tempo, as minhas noites deixaram de ser atormentadas com as imagens da guerra, que me visitavam em forma de pesadelo, é que ganhei coragem para o reler. Tive, então, uma enorme surpresa: uma grande parte dos episódios que anotara no diário tinha-se desvanecido na memória. Foi nessa altura que pensei naqueles que comigo viveram aquelas situações e achei que seria interessante publicar um dia aquelas memórias, para que não se perdessem para sempre.
Projecto sucessivamente adiado, entendo ser agora boa altura para o fazer. Desejo dedicar este modesto contributo à preservação da memória a todos os elementos do B.Caç.3840 e, por elementar justiça, de uma forma muito especial
àqueles que estiveram a meu lado em todas as situações relatadas: os bravos elementos do 1º Grupo de Combate
da C.Caç.3347.
Manuel António Santos
Dia 31-05-1971, segunda-feira, 3º dia em Mucondo
Tive o meu baptismo de fogo. Fui numa coluna à fazenda S. Paulo e, a um quilómetro de lá chegarmos, fomos atacados com fogo de pistola-metralhadora, enquanto a fazenda era simultaneamente flagelada. Ripostámos e durante 45 minutos houve fogo dos dois lados. Atravessámos a pé e a correr a ponte que existe antes de chegar à fazenda e até lá não mais se ouviu fogo. No reconhecimento que depois de fez, nada se apurou. De tarde fui noutra coluna à roça Caiado e depois ao Dange esperar duas camionetas civis. Nada de especial se
passou, somente cheguei arrasado.
Dia 02-06-1971, Quarta-feira, 5º dia de guerr
Fui numa coluna composta por cinco unimogues fazer reconhecimento à áreade Quimbage, ponto de concentração
dos quartéis do M.P.L.A. Tínhamos percorrido algumas centenas de metros numa picada antiga e já quase coberta
de capim, quando ouvi um estrondo enorme acompanhado por uma nuvem de pó negro. Saltámos das viaturas e, ao mesmo tempo que montávamos segurança à retaguarda porque éramos os últimos, ficámos todos numa enorme ânsia de saber as proporções do ocorrido. Um cabo a meu lado, dos velhinhos, começou a futurar o pior. Mas a boa notícia chegou: não havia vítimas. Tinha sido uma armadilha montada pelos gajos que foi accionada pelo rodado traseiro dum unimogue da frente. A viatura foi projectada alguns metros para a frente e os seus ocupantes foram impulsionados para o ar. Apesar de no local ter ficado um “buraquinho” com três metros de diâmetro e dois de fundo, ninguém se feriu.
Regressámos em seguida ao quartel e chegámos por volta das 17 horas.
Dia 04-06-1971 – 1ª Operação;
Zona: fazenda Caiado; duração: 2 dias
Dia 16-06-1971 – Novo ataque a S. Paulo
Foram solicitados os nossos serviços e para lá partiu o 4º Grupo de Combate que suportou durante hora e meia fogo
inimigo. De novo os turras montaram uma emboscada para quem socorresse a fazenda.
Terminada a “festa”, verificou-se que da nossa parte não tinha havido problemas e presume-se que eles tiveram pelo menos alguns feridos.
Dia 17-06-1971 – 2ª Operação;
Zona:Dange; duração 2 dias
Dia 18-06-1971
Percorremos vários quilómetros até chegar ao Dange, onde íamos aguardar o transporte para o Mucondo. Tínhamos
passado a noite na mata e embora o percurso fosse difícil, acabei por me rir várias vezes, porque os tombos sucediam-se
e ver um fulano rebolar, com toda a tralha toda atrás de si, tem a sua piada.
Saímos às três da tarde do Dange e surgiu então o primeiro contratempo: uma Mercedes avariou e teve que ser rebocada pela Berliet da frente, onde eu ia com a minha Secção. Mais adiante avariou um unimogue, que passou a ser rebocado por um outro. Parámos amiudadas vezes e a coluna passou a andar morosamente.
Ao passar por um morro que se levantava à nossa direita, verifiquei que o gajo da metralhadora apontava para o lado contrário e gritei-lhe “para ele virar aquela merda para o morro”.
Tinham passado por esse mesmo local já três viaturas (a minha Berliet e a Mercedes que rebocava, mais um outro
unimogue) , quando a quarta viatura – unimogue – accionou uma mina. Houve grande estrondo e como ia bastante à frente, deixei parte do meu pessoal a montar segurança e com a restante malta corri para o local do acidente. Aí, os ocupantes do unimogue atingido espalhavam- se pelo chão e queixavam-se com dores. A viatura, ao lado do buraco
deixado pela mina, tinha a parte da frente em mísero estado.
Seguiram-se momentos de inquietação e começaram a prestar-se os primeiros socorros. Faltavam armas e equipamentos também. Enquanto se montava segurança em todas as direcções (o Tavares foi para o morro com a sua Secção), comunicava-se pelo rádio o ocorrido para o quartel. Mais tarde chegou o Capitão com mais um grupo de combate e tratou-se de rebocar o unimogue sinistrado. Ao mesmo tempo, o médico verificava não haver feridos graves, e o pior ainda era o Jesus enfermeiro, que tinha um profundo buraco na “pinha”.
Finalmente seguimos em marcha muito lenta para o quartel, onde chegámos às 23 horas. Tínhamos demorado oito horas a fazer 26 km. Chegou-se à conclusão que os gajos tinham no local uma emboscada montada, mas tiveram medo de entrar em acção.
Ah, é verdade, nesse dia fazia anos. Era meia-noite quando comecei a jantar e então, com o Capitão, oficiais, sargentos e furriéis, houve uma pequena festa.
O Martins tinha preparado tudo e até flores havia a decorar a mesa. Ofertaramme uma garrafa de aguardente “Fim de Século, e quando às duas horas me deitei, estava arrasado física e moralmente. Assim se passou mais um dia de guerra.
Dia 28-06-1971 – 3ª Operação;
Zona: Roça Luís Filipe; duração 3 dias
Esta operação teve por objectivo reabrir a picada onde os elementos do Batalhão “Sus... a eles” construíram uma pista. Fomos três Grupos de Combate e o Capitão também tomou parte na operação. Os sapadores construíram uma ponte e ainda improvisaram mais duas para as viaturas passarem os rios que íamos encontrando. Não chegámos ao términus devido às dificuldades com que nos fomos deparando. Por exemplo, perdemos um dia a serrar uma enorme árvore que estava atravessada na picada e acabámos por deixá-la no mesmo sítio.
Uma carga de trotil que se empregou, apenas lhe tirou um bocado de casca...
O meu Grupo, a pé, ainda foi quase até ao objectivo, mas voltou ao encontro das viaturas e do resto da malta.
A zona é bastante perigosa, e segundo informações de um gajo que se entregou, há lá um quartel turra – Mucondo -, que tem 70 mamíferos com armas.
Além desse, há também nas imediações o Mufuque, que já foi bombardeado por nós, mas os gajos ainda lá estão. Encontrámos ainda muitas lavras e pegadas recentes. Um telegrafista dos Cavaleiros,nesta zona , ficou sem um pé.
Dormi duas noites na mata e ao terceiro dia voltámos a pé até ao local onde fomos recolhidos.
Dia 04-07-1971 – 4ª Operação;
Zona: S. Paulo; duração 3 dias
Fomos largados na fazenda Daladiatapara, a partir daí, batermos a zona até S. Paulo. A operação decorreu normalmente e por várias vezes passámos nos locais onde eles montaram as emboscadas anteriores. Na picada, vimos pegadas muito recentes dos gajos e, numa casa abandonada no cimo de um morro, avistámos cascas de laranja também recentes, o que prova que tinham estado lá há bem pouco tempo.
Na casa em ruína, liam-se algumas inscrições: dos nossos -”Os da UPA são todos uns filhos da puta”; deles - “Nós sabemos que somos mais fracos, mas o pouco com Deus é muito e o muito sem Deus é nada” e ainda “Portugueses, por que não deixais o povo angolano em paz?”, etc.
Ao patrulharmos a tonga, estivemos na eminência de apanhar umas rajadas, porque os Voluntários que estavam a fazer segurança aos bailundos que colhiam café, viram mexer e já estavam atrás de uma camioneta com a arma em posição.
No último dia, quando aguardávamos as viaturas para o regresso, almoçámos em S. Paulo a convite dos gerentes da
fazenda. No almoço, além de mim, estiveram o Tavares, o alferes Gonçalves, o Reis, o Leal e o alferes Baptista. Falou-se sobre cobras e fiquei a saber que a cobra do café – verde e fininha - , dependura- se nas folhas e quando pica a cabeça de um parceiro não há remédio que lhe valha. A surucucu – pequena, grossa e às pintas pretas - não faz mal nenhum, salvo se for pisada. Neste caso, pica imediatamente e só há salvação se se fizerem logo dois profundos golpes à volta da parte atingida. É muito sorna e só se desloca dois a três metros por dia. Falou- se ainda na formiga maconde, que quando resolveu ir à fazenda matou galinhas, patos e pombas.
O meu Grupo e o 2º voltaram a Mucondo sem mais problemas.
Dia 12-07-1971 – 5ª Operação;
Zona: Sande; duração 3 dias
Saíram, o meu Grupo, o 4º e o pelotão da 46 e fomos largados na fazenda Sande. Patrulhámos toda a zona e no terceiro dia fomos recolhidos pelo 2º Grupo na picada para o Dange.
Nada de especial a assinalar, a não ser que nos fartámos de andar e chegámos mesmo a ficar perdidos na mata. O
Capitão alinhou nesta operação.
Dia 16-07-1971
O meu Grupo foi ao Dange para trazer duas camionetas civis. Vinte metros depois de passar a ponte que existe antes do Dange e a poucos metros de uma grande ribanceira, um unimogue, inexplicavelmente, enfiou pelo capim dentro.
Parte do pessoal saltou, os outros caíram no capim. Os ferimentos foram ligeiros, mas o azar foi que no local havia “feijão maluco”, que é uma vagem que quando seca larga uns pêlos finíssimos que provocam uma comichão insuportável.
Todo o pessoal ficou à rasca, tiveram que se despir até, e quando chegaram ao quartel alguns levaram injecções.
Por brincadeira, puseram um pouco de “feijão maluco” na cama do Reis e como resultado ele rabiou a noite inteira.
Resumindo, nem só a guerra nos causa arrelias...
Dia 04-08-1971 – 6ª Operação;
Zona: Dange; duração 4 dias
Nesta operação tomaram parte o meu Grupo, o Segundo e alguns homens do Quarto. Como o alferes Gonçalves teve
que ir para Luanda, eu é que comandei o meu Grupo.
No primeiro dia nada de especial se passou. No segundo, andámos bastante e a certa altura começámos a notar indícios da presença do in. Na confluência de dois rios, numa porção de terra que se assemelhava a uma ilhota, fomos encontrar um acampamento onde os gajos tinham estado algumas horas antes. Havia ainda inúmeras fogueiras acesas (onde aquecemos as nossas rações de combate) e restos de ração de combate nº 30 (!), cascas de bananas, mandioca, milho, feijão, etc. Pelas fogueiras e também pelas camas, verificámos que eram mais de cem turras.
Escusado será dizer que poucos dormiram nessa noite. Nas árvores havia inscrições deles, com nomes e outras indicações. Eu acabei por dormir na cama onde horas antes tinha dormido um turra.
De noite, nada de espacial se passou e partimos às sete da manhã para continuar a operação.
Logo nos apercebemos da existência de um trilho muito batido e usado ainda recentemente. Abandonámos o trajecto que seguíamos e tomámos o trilho, na certeza que mais tarde ou mais cedo ia haver merda. O trilho principal tinha muitas
ramificaçõs ( para despistar) e durante muito tempo seguimo-lo sem resultado.
Entrámos numa linha de água e a certa altura eu, que ia atrás com o meu Grupo, ouvi fogo nosso. Seguiu-se depois fogo de Mauser e rajadas de pistola metralhadora. Só soube do que se passava, quando cheguei à frente e vi uma Mauser capturada e me disseram que, pelo menos, tinham lerpado um. Segui então à frente com a minha Secção, enquanto o alferes Baptista fazia um pequeno reconhecimento no local.
Continuámos a progressão, sempre à espera de mais “festa” que, no entanto, não chegou a surgir. Verificámos que se tratava de um grupo de cinco gajos que quando nos viram fugiram, disparando de vez em quando para trás. Só que
aquele que lerpou, não foi suficientemente rápido e o André – Cabo preto – não esteve com meias medidas.
Depois de tudo isto, iniciámos uma penosa jornada de regresso até ao local onde seríamos recolhidos. Todos eatavam rebentados e chegou-se a pedir para se terminar a operação um dia antes, o que não foi autorizado.
Quando eu e os homens da minha Secção, que seguíamos à frente, chegámos à picada – cansados, sujos e molhados
- foi como se atingíssemos o Paraíso.
Fomos finalmente recolhidos e a nossa chegada ao Mucondo foi quase triunfal, pois contribuímos para o primeiro êxito militar, não só da Companhia como do Batalhão.
Manuel António Santos
- CONTINUA –
Imaginem um dos nossos que, depois de regressar de Angola, perdeu completamente o contacto com todos os camaradas de armas.
Alguém que a partir de certa altura, como aconteceu com quase todos nós, sentiu uma irresistível necessidade de matar saudades, trocar desabafos e apaziguar angústias com aqueles que tinham vivido as mesmas situações traumáticas da guerra, e que por esse facto seriam os únicos que o poderiam compreender e ajudar.
O mesmo que tentou, até por aconselhamento médico, restabelecer esses laços afectivos, mas que viu todas as tentativas que fez revelarem-se infrutíferas.
Que esperou ansiosamente, durante anos, pelo dia 10 de Junho, para se deslocar às cerimónias do dia do Combatente, na esperança vã de encontrar algum camarada conhecido.
Pois esse nosso antigo companheiro nunca desistiu dos seus intentos e finalmente, ao fim de trinta e tal anos, conseguiu graças à internet descobrir maneira de contactar com gente do Batalhão.
Estabelecido o precioso contacto, começou por receber o nosso Boletim, e foi emocionado que leu o Diário onde recordou uma das principais operações em que tinha tomado parte (mais tarde confessou que enquanto lia as lágrimas não lhe pararam de correr). Entusiasmado, quis logo fazer a marcação para o Encontro que se avizinhava. Deram-lhe o contacto do furriel do seu grupo, que vivia na sua zona, e combinaram a boleia (na véspera do Encontro, disse mais tarde, portou-se como um puto e não conseguiu dormir). E no local combinado, quando se encontraram, o abraço que deram foi tão efusivo, que quem os visse ficaria a conjecturar a razão de tal entusiasmo.
Quando chegou, não conseguiu disfarçar a sua emoção. Abraçou os antigos camaradas, mostrou fotografias, falou com toda a gente, querendo sofregamente compensar os anos perdidos.
No fim do Encontro, quando lhe perguntei se tinha correspondido às suas expectativas, não precisava de ter respondido. O Azeredo exultava de felicidade.
Dia 11-10 -1971 – 10ª Operação; Zona: Catoca; duração 3 dias
Nesta operação fui a comandar o meu Grupo e fomos largados, mais o 2º e 3º Grupos, na Cova das Pacaças.
Apanhámos logo um trilho que nos levou, ainda nesse dia, a uma lavra (já conhecida) do Catoca.
Dormimos em plena lavra e nada de especial aconteceu.
Depois de várias voltas, tomámos o trilho de regresso, que já utilizáramos na operação anterior, e viemos sair perto da ponte do Luíca, onde fomos recolhidos pelo 4º Grupo.
Dia 29-10-1971 – 11ª Operação; Zona: MPLA; duração 2 dias
Fomos largados, com o 4º Grupo, no Sande.
Seguimos um trilho que vai dar a vários quartéis do MPLA (Haiti, Bolívia, Tanzânia, etc.).
Ao fim da tarde, topámos uma cubata de uma sentinela, com indícios de presença recente – fogueira acesa, dendê, latas, uma garrafa… - pelo que resolvemos logo montar lá uma emboscada, na esperança que o gajo (ou gajos) voltasse.
Fiquei emboscado três horas, com mais cinco homens, mas sem qualquer resultado.
Estava já escuro, quando o resto do Grupo nos veio recolher, para seguirmos para o local onde passaríamos a noite, que supostamente o 4º Grupo já devia ter escolhido.
Foi com enorme dificuldade que chegámos até eles, e então demos conta que não tinham arranjado sítio para ficarmos.
O tempo entretanto começou a ficar feio, e a chuva estava iminente. Desenrascámo-nos o melhor possível e eu, por exemplo, fiquei num local totalmente inclinado, onde não podia esticar as pernas, se não batia com elas na cabeça do Eusébio.
Seguiu-se o esperado vendaval, com chuva a cântaros, trovoada e relâmpagos, mesmo em cima de nós. Quer pela incómoda posição, quer por causa da chuva que entrava por todos os lados, quase não dormi e foi mesmo, até à altura, a pior noite que passei na mata.
O meu jantar foi um bocado de casqueiro e água. A noite nunca me pareceu tão longa mas, finalmente, chegou a manhã e às oito horas iniciámos a marcha de regresso.
Embora completamente arrasados – nunca senti tanto calor – finalmente chegámos ao Sande, onde bebi umas cervejas e uns whiskies, enquanto não chegava a coluna com o 3º Grupo, que nos recolheu.
Segundo depois me informaram, também tinha havido temporal no Mucondo, que até arrancou uma árvore, chapas dos telhados, uma pesada tampa do depósito da água, etc.
12-11-1971 – 12ª Operação; Zona: MPLA; duração 3 dias
Iniciámos a operação na picada do Quijoão. Para esta operação foram dois grupos de combate – o Primeiro e o Quarto. Para fugirmos da vista de uma sentinela, que o guia disse haver próximo, logo entrámos na mata. Ainda de manhã, topámos algumas cubatas de sentinelas, pegadas do próprio dia, e várias covas de lobo, quase todas com paus bastante afiados no fundo.
Ao início da tarde, encontrámos um trilho batidíssimo e, pouco depois de entrarmos nele, ouvimos um tiro, de certo de uma sentinela que nos avistou. Prosseguimos no trilho e fomos dar ao quartel turra de nome Bolívia, que a Companhia anterior à nossa tinha destruído. Montámos o dispositivo para passar a noite nesse mesmo local, no meio das cubatas arruinadas.
Dia 13-11-1971 (sábado)
Eu e o alferes Silva tínhamos construído, com os ponchos, uma pequena barraca onde, pelas cinco e meia da manhã, despertei ao som de rajadas. O Duarte, do meu grupo, estava de sentinela e ao olhar em frente, a uns quinze metros, viu um turra latagão já com a Mauser apontada. Precipitadamente, pôs a arma em rajada e atirou-lhe, o mesmo fazendo mais uma série de malta. O gajo, no entanto, pôs-se nas putas, devendo ter apanhado o maior cagaço da vida dele.
Arrumámos logo as coisas e seguimos no trilho, prontos para o que desse e viesse. Andados uns quinhentos metros, mais um tiro de uma sentinela se ouviu, este já próximo das lavras, a que chegáramos entretanto. Mais à frente, outro balázio, este já por cima da malta. Logo adiante, encontrámos o acampamento onde, além de tábuas escritas com indicações importantes, galinhas, colheres, uma cadeira rotativa metálica e um cão, mais nada encontrámos.
Deitámos fogo àquela merda toda e depois voltámos atrás, pensando no regresso.
Apanhámos a picada abandonada do Quimbage, onde, a certa altura, vimos o buraco da primeira mina que nos rebentou.
Chegámos finalmente ao local onde tínhamos sido largados, onde comunicámos para o quartel a perguntar a possibilidade de sermos recolhidos nesse dia. Responderam afirmativamente, mas o ponto de recolha só era possível para lá do Quicunzo.
Fizemos mais uma maratona até lá, debaixo de um calor escaldante. Era já noite, quando o 3º Grupo nos recolheu.
Nesta operação quem foi no meu pelotão foi o alferes Aparício, e no 4ª o alferes Silva. O Tavares estava de férias.
Manuel António Santos
- CONTINUA –
Chega ao fim a transcrição deste Diário que veio sendo publicado nos últimos números do nosso Boletim. É certo que na segunda parte da comissão, já nas Mabubas, também se chamavam operações a umas voltitas que dávamos ao redor da barragem, mas desses passeios só me lembro das noites abafadas e dos milhões de mosquitos que, se não tivéssemos redes mosquiteiras, nos sugariam até ao tutano. O barulho que faziam, no silêncio da noite, fazia lembrar um ataque da aviação.
Modéstia à parte, a narrativa que recuperei do caderno que esteve tantos anos propositadamente esquecido, teve dois fins meritórios. Em primeiro lugar, fez lembrar àqueles que viveram as situações descritas os pormenores que o tempo já inevitavelmente tinha transformado numa nebulosa e que, inexoravelmente, acabariam um dia por se perderem para sempre. Por outro lado, talvez o facto mais importante tenha sido dar a conhecer a quem teve a felicidade de não imaginar sequer a realidade de uma guerra – a mais estúpida das coisas estúpidas – as situações a que estiveram sujeitos milhares de jovens que foram obrigados a entrar numa guerra que não queriam e que nada lhes dizia.
E esses jovens foram uns heróis. Não porque tivessem ganho qualquer guerra, mas porque apesar da verdura dos seus vinte anos, quase todos conseguiram vencer as vicissitudes para que foram empurrados.
Suportaram o frio e o cacimbo das noites dos Dembos, o calor sufocante e o cansaço durante caminhadas de dias inteiros, dormiram nos sítios mais incríveis, umas vezes no meio da bosta de elefantes e de outros animais, outras sob temporais medonhos com chuva diluviana e trovões e relâmpagos próprios do clima de África.
Sofreram com a fome e da sede ficaram a saber que é a necessidade primária que o indivíduo mais dificuldade tem em suportar. Com os cantis vazios e sem se saber quando vai ser possível voltar a encontrar água, o cérebro entra em parafuso e beber passa a ser uma obsessão.
E passaram por situações limite quando sentiram aquele que deve ser o pior dos medos: a sensação horrível de sentir o silvo rasante de uma bala.
E outros medos com minas a rebentar e emboscadas na picada ou dentro da mata. E experimentaram algo que, se possível, ainda é pior que o medo: a tensão, quando se espera um ataque que se sabe que vai acontecer, podendo até ser no segundo seguinte.
Atravessaram rios caudalosos, penetraram na mata virgem e foram atacados por formigas e outra bicharada.
No entanto, com um espírito que não foi só de camaradagem e amizade, mas sim de verdadeira irmandade, tudo venceram.
E, como o último parágrafo deste Diário curiosamente descreve, ainda tiveram ânimo e disposição para brincar com as adversidades. Gente formidável
Manuel António Santos
Dia 18-02-1972 – 16ª Operação (Operação Facada) Zona:
Campo de Majores; duração 4 dias.
Actuaram desta vez o 1º, 2º e 4º Grupos, que foram
largados na Ponte Totobola.
A picada até lá é péssima e a zona não é nada convidativa. Está lá destacado um pelotão da Companhia do Piri e as suas instalações são construídas inteiramente em cimento armado.
Algumas horas antes da nossa largada, muito perto do local em que apeámos, tinha rebentado uma mina à Companhia do Sus…a eles, que
esteve no Mucondo, e tinha morrido um soldado que eles vieram trazer ao
destacamento para prosseguir a operação.
Seguimos um trilho que acompanhava o Dange, e no mesmo dia já tínhamos apanhado dois gajos e sido detectados.
Dia 19-02-1972
Embora estivesse previsto atacar o objectivo no dia seguinte, resolveu-se arrumar o assunto o mais depressa possível.
Atacámos primeiro o Hanói 1, onde embora fossemos recebidos com tiros entrámos a matar com rajadas de G3 e granadas defensivas.
Depois de destruir toda aquela porcaria, seguimos para o Hanói 2 que ficava a duas horas de caminho.
Cedo começou a festa, com os gajos dispostos a não nos querer deixar entrar.
Nestes dois quartéis, os cabrões têm 19 armas e é lá a sede do M.P.L.A., funcionando ainda como campo de instrução.
Respondemos com rajadas, granadas e morteiradas, e só com muito custo é que conseguimos expulsar os gajos. Foi um tiroteio do caralho, talvez até a situação em que houve mais barulho. Aliás, isso compreende-se, até porque desde 1969 ninguém tinha conseguido lá entrar.
Apanhámos uma Mauser e uma granada defensiva, e como o pessoal estava todo rebentado, pedimos a recolha para o dia seguinte, o que só veio a acontecer na manhã de 21, sendo um grande alívio quando apareceram os
hélis para nos levar.
Dia 28-02-1972 – 17ª Operação; Zona: S. Paulo; duração
3 dias
Constou de patrulhas e emboscadas na área.
Uma operação porreira, a lembrar os “belos tempos”.
Tomaram parte o 1º e 3º Grupos.
Dia 11-03-1972 – 18ª Operação; Zona: Caiado; duração 2 dias
Tratou-se de um reconhecimento onde, na ante-véspera, os Voluntários tinham tido uma emboscada onde lerpou um e quatro ficaram feridos.
Dia 15-03-1972
Íamos a S. Paulo largar o 2º e 4º Grupos, quando a dez minutos do quartel nos rebentou uma mina.
Houve feridos, mas ligeiros. Voltámos atrás para rebocar a viatura atingida. Seguimos meia hora depois, mas não houve mais problemas.
A viatura que acionou o engenho (de fraca potência) ia em 2º lugar, atrás da Berliet. Eu seguia na última, também uma Berliet.
Dia 10-05-1972 – 19ª Operação; Zona M.P.L.A.; duração 4 dias
Foram três Grupos com bailundos para cortar milho e mandioca nas lavras.
No regresso, o 4º Grupo, quando nos ia recolher, rebentou mais uma mina que provocou um ferido – o Fernandes – que foi para Santa Eulália e posteriormente para Luanda.
Dia 26-05-1972 – 20ª Operação; Zona Campo de Majores; duração 3 dias
Tomaram parte nesta operação o 1º, 3º e 4º Grupos.
Fomos lançados de héli às 11:40 e às 12:20 estávamos a entrar no acampamento.
Pelo caminho houve a festa habitual e numa das vezes o Gomes, do 3º Grupo, apanhou um tiro no bolso das calças do camuflado!
À entrada, os gajos fizeram bastante fogo, mas conseguimos pô-los nas putas.
No regresso, viemos ter à Ponte Totobola e dormimos uma noite – com muitos mosquitos – no fortim que está lá a guardar a ponte.
Dia 04-06-1972 – 21ª Operação; Zona Matete (UPA);duração 4 dias
Actuámos, juntamente com a Artilharia, no corte de lavras.
Cortaram-se milhares de pés de mandioca e jinguba.
Não fomos chateados durante os quatro dias, ao contrário da outra Companhia.
Tivemos que atravessar por duas vezes um rio com grande caudal, o que se tornou difícil, de tal maneira que alguns caíram com toda a tralha dentro de água, para gáudio do resto da malta.
FIM
Manuel António Santos
DE BORDO DO VERA CRUZ
Vera Cruz, 15-5-71 – 1º dia
Queridos pais:
Desejo que estejam de perfeita saúde, que eu neste primeiro dia de viagem não podia estar melhor.
Resolvi escrever um aerograma por dia para vos contar como decorre esta minha viagem. É natural que só os possa enviar de Luanda e para o caso de os receberem todos juntos, eles vão devidamente numerados segundo a ordem por que foram escritos.
Saímos de Santa Margarida hoje, sábado, às duas da manhã num comboio que nos trouxe directamente ao cais da Rocha de Conde de Óbidos, onde embarcámos. Chegámos às sete da manhã, às dez e meia tivemos o habitual desfile e em seguida entrámos logo para o barco. Houve aquelas habituais cenas de despedidas e mais uma vez comprovei que quem sofre mais nestes casos são as pessoas que ficam.
Agora, já com 12 horas de viagem, posso dizer-vos o seguinte: as instalações são boas e há camarotes para cinco. Às refeições há dois pratos e sobremesa, o horário é pequeno-almoço às oito, almoço ao meio-dia, lanche às quatro e jantar às sete. Não tenho até agora qualquer problema de enjoo e, segundo os que já fizeram esta viagem muitas vezes, é esta a pior parte da viagem para isso.
Vim encontrar aqui muita malta conhecida, que vai noutros batalhões também para Angola.
E parece que é tudo que há para contar deste primeiro dia. Portanto e em resumo, tudo a correr ainda melhor do que contava.
Até amanhã, ou seja, continua no próximo episódio.
Vera Cruz, 16-5-71 (domingo) – 2º dia
Neste segundo dia de viagem continuo óptimo.
Grande parte dos meus camaradas está com problemas de enjoo, mas eu tenho resistido a tudo isso. Tenho comido e bebido bem e até já se foi o bacalhau e um salpicão, que por acaso era muito bom.
Já passámos a Madeira, mas ao largo. Passei quase todo o tempo na nossa sala de estar que é muito jeitosa, por sinal. Hoje até estive a jogar umas partidas de pingue-pongue.
Agora à noite tivemos variedades com um conjunto que tocou umas coisas jeitosas e ainda actuou um colega nosso que é imitador e deu show.
Tudo isto tem servido para ajudar a passar o tempo. Quanto ao tacho, tem-se comido bem e a ementa traz cada nome que até se torna giro. Por exemplo, vou passar a do jantar de hoje:
SOPA – Puré Faubonne; PEIXE – Peixe à Bretone; ENTRADA – Escalopes de vaca à Delfina; LEGUME – Couve verde salteada; BATATAS – Puré e cozidas; MOLHOS – Remolar e verde; SOBREMESA – Doce bávaro de baunilha, fruta verde e seca; CHÁ, CAFÉ ou LEITE. Como vêem, nada mau.
Segundo dizem, o mar a partir de agora estará cada vez mais sereno.
Neste momento estou a ouvir o relato de hóquei do Portugal-Inglaterra e nesta altura está 2-0 a nosso favor. Naturalmente que desta vez seremos campeões.
E de hoje não há mais nada para dizer. Até amanhã.
Vera Cruz, 17-5-71 (segunda-feira) – 3º dia
O terceiro dia a bordo foi passado da melhor maneira e muitas vezes até me esqueci que estava a andar de barco.
O pequeno almoço, além do habitual café com leite, constou ainda de um pratinho com carne guisada que até soube muito bem. Ontem, também ao pequeno almoço, tinha sido arroz de peixe. Portanto, sempre a comer.
Também de manhã tomei chuveiro, nada aqui falta.
Ao almoço comi bem e o prato de carne era feijoada que estava mesmo boa.
Aqui, de contrabando, vende-se mil e uma coisas. Muitos camaradas meus já compraram máquinas fotográficas, relógios, canetas, etc. A minha única compra até agora foi uma faca de mato que custou 120$00. Além de um álbum para fotografias, não tenho intenção de comprar mais nada.
À noite houve cinema, exibindo-se um filme de espionagem da série 007.
O mar está muito calmo, parece mesmo um rio. O calor começa a aparecer visto já estarmos na costa de África.
E acerca de hoje é tudo. Mais um dia passou e bem.
Até amanhã
Vera Cruz, 18-5-71 (terça-feira) – 4º dia
Continuo a fazer uma belíssima viagem. Cada vez melhor e cada vez me lembro menos que estou a viajar de barco.
Hoje, ao pequeno-almoço, comi iscas de fígado com batatas além, claro, do café com leite e pães com manteiga. Ao almoço, o prato de carne foi bife. Quanto ao lanche, às quatro horas, constou de chá e bolos.
Como verificam pelo que lhes tenho dito, a minha vida aqui tem sido quase só comer e descansar.
De manhã tivemos um treino de salvamento e usámos todos coletes salva-vidas. Tocou o alarme e toca tudo a correr para a sua baleeira.
Tivemos que atrasar o relógio duas horas, portanto enquanto aqui são dez horas neste momento, aí na Metrópole é meia-noite. Quando chegarmos a Luanda, voltamos a regular a hora pela Metrópole.
Num aerograma anterior disse que estávamos cinco no camarote, mas enganei-me pois são só quatro.
Tem-se avistado peixes-voadores e hoje, mesmo à beira do barco, passou um tubarão,
que é um bicharoco que mete respeito.
Já passámos ao largo de Cabo Verde, amanhã passaremos a Guiné.
Neste momento estamos quase a meio da viagem e hoje já esteve mais calor que nos dias anteriores.
Também temos piscina, que ainda não utilizei. O conjunto tem-se exibido mais vezes e com agrado.
E por hoje é tudo. Até amanhã.
Vera Cruz, 19-5-71 (quarta-feira) – 5º dia
Este dia decorreu igual aos outros, bem disposto e sem fazer nada.
Estive de serviço (sargento de dia à Companhia), mas não tive trabalho nenhum. Limitei-me a apresentar ao oficial de dia e a assistir às refeições dos soldados. Estes, pelo que vi, também comem bem e com muita limpeza. A louça é de porcelana e têm vinho e fruta a todas as refeições. Só nas instalações é que tiveram pouca sorte, porque calhou à minha Companhia ir para o porão e aquilo lá é insuportável devido ao calor e ao mau cheiro.
Durante o dia avistaram-se grandes cardumes de peixes-voadores, que proporcionaram um espectáculo divertido.
O mar tem-se mantido muito sereno e agora já quase ninguém tem problemas de enjoo.
Continuo a comer muito e bem. A sobremesa tem constado de doce e fruta verde.
Cada vez faz mais calor e o ar tem estado muito abafado.
Hoje já passámos a Guiné e o mesmo é dizer que estamos a meio da viagem.
E o relato do dia de hoje está feito. Ainda houve cinema, mas como estava muito calor, preferi estar antes a apanhar ar fresco.
Vera Cruz, 20-5-71 (quinta-feira) – 6º dia
Hoje, logo pela manhã, tomei um bom duche que me deixou bem disposto.
Tivemos, como de costume, a formatura às 8:30.
Consegui que um camarada me cedesse uma camisa fresca de manga curta, que estava a precisar, porque calor agora é mato. Quando chegar a Luanda vou comprar mais e ainda peúgas pretas, que são as que posso trazer com sapatos. Como trouxe de casa alguns pares escuros, a coisa tem remediado. A propósito, as de algodão que compraram saíram barrete, porque o par preto que calcei, no mesmo dia já estava roto.
Pela primeira vez nos últimos dias, passou por nós um navio de outra nacionalidade, que embora distante foi por nós admirado.
O mar, de tão calmo, até nos leva a desejar que houvesse uma amostra de tempestade, só para ver o efeito.
Tenho jogado umas partidas de ténis de mesa, que tem servido para passar o tempo. Já foram três bolas ao mar, mas há sempre mais uma bola desconhecida que espera por nós.
Tirei já várias fotografias que, se ficarem boas, envio quando chegar a Luanda. Não acredito muito, porque embora haja muitos fotógrafos, foram todos feitos à pressa.
A bica, depois das refeições, é de borla. A cerveja custa 4$50 e as garrafas, depois de vazias, mandam-se pela borda fora.
Para passar o tempo, tenho lido uns livritos que me emprestaram e que são jeitosos.
Aqui a nossa sala de estar é muito ampla e cheia de maples e poltronas. Esta viagem, noutras circunstâncias, seria maravilhosa.
E vai chegando, por agora.
Até amanhã, para contar mais umas labercas.
Vera Cruz, 21-5-71 (sexta-feira) – 7º dia
A viagem continua a decorrer da melhor maneira.
Pela primeira vez choveu e, embora durante pouco tempo, caiu água a potes.
Hoje atravessamos o Equador e parece que estão programadas umas praxes para aqueles que o vão passar pela primeira vez. Eu, como sempre, vou ver se me desenfio dessas coisas.
Aproxima-se o fim deste cruzeiro, segundo dizem chegamos ao largo de Luanda ainda
no domingo, mas só atracamos na segunda-feira às 8 horas da manhã.
Contra o habitual, hoje às 14:30 não houve formatura.
Uma coisa que me esqueci de dizer, é para o Pai ver a correspondência que vai aí para casa. Se entender que é coisa que me interessa, agradeço ma enviem para cá, a outra (folhetos de livros, por exemplo), arrumem-na aí para um canto. Para me escreverem, utilizem o endereço que indico no remetente.
Consta que antes de partirmos para o Leste, ficamos ainda algum tempo em Luanda, no Grafanil.
Vou aproveitar, nessa altura, para conhecer a cidade.
São quase quatro da tarde, portanto está na hora do lanche e este não se pode perder.
Até amanhã.
Vera Cruz, 22-5-71 (sábado) – 8º dia
Vamos ao largo de S. Tomé e Príncipe. Está uma temperatura agradável. O Equador já ficou para trás e com ele aquele calor tórrido, que se tornava doentio. A temperatura ontem foi de tal modo, que até pouco consegui dormir de noite.
Continuo com óptima disposição.
Segundo o previsto, na segunda-feira de manhã desembarcamos e vamos de comboio para o Grafanil. Desconheço ainda os dias que ficarei lá.
Como aqui os dias são muito iguais, já me vão faltando motivos para focar neste diário de bordo. No entanto, ele já termina amanhã.
Aproxima-se a hora do lanche, que não se pode perder. Toca, portanto, a deitar abaixo mais uns bolinhos com chá. Ao almoço, foi pastéis de bacalhau com arroz de tomate e cozido à portuguesa. A sobremesa foi banana.
Amanhã vai haver treino para o desembarque, porque 1.880 militares não podem sair ao mesmo tempo.
E por hoje é tudo. Até amanhã.
Vera Cruz, 23-5-71 (domingo) – 9º dia
Chegou finalmente o último dia de viagem.
Hoje já navegamos ao largo da costa de Angola. Cabinda já ficou para trás. Conforme já disse, desembarcamos amanhã de manhã.
A temperatura agora está amena e, embora esteja calor, corre uma aragem fresca.
De manhã tomei duche e barbeei-me, ficando assim pronto para a saída. Vou também preparar as malas para amanhã.
No Grafanil, segunda-feira de tarde, haverá revista pelo General-Comandante de Angola. Ainda se desconhece os dias que ficaremos lá.
De tarde vou ouvir os relatos de futebol e aqui pelos telegramas noticiosos sei que o meu Porto joga com o Ferroviário de Lourenço Marques.
Ontem à noite assisti a mais um programa de variedades, agora feito por malta militar.
Não sei se já vos disse que para me escreverem devem utilizar o endereço que vai no remetente.
Com o terminar da viagem, acaba também este diário. Depois, de Luanda, volto novamente a mandar notícias.
Até lá recebam abraços para vós e saudações para as pessoas amigas.
Manuel
MANUEL ANTÓNIO SANTOS
NA PICADA DO QUIJOÃO.NO ANTIGAMENTE
Ali estavam, em rota de colisão. Não o imaginara assim tão fácil, assim tão à mão, algo desajeitado etrancalhadanças, mas mesmo assim ali, tão disponível. Ele tinha um joelho apoiado com força na terra húmida e vermelha, enquanto a perna esquerda se firmava, com muita força, sobre toda a superfície da bota preta. Tenso, mas sereno, sentia o coração bater violentamente sobre os tímpanos, ao mesmo tempo quesentia que era o momento porque tanto ansiara ... afinal aquele momento exigira-lhe meses de treino, de preparação psicológica, de acção retardada e de uma intensa curiosidade.
Olhou em volta e reparou que os caminhos ambos convergiam para um ponto próximo do horizonte, o seu elevado em relação ao plano do outro, que corria mais abaixo. Ambos se encontravam bordejados por renques de árvores muito fechadas, deixando um alo de penumbra perpassar até quase meio da clareira, por onde o outro caminhava. Erva baixa, luz rasanteproporcionada pelo ocaso do astro que se punha para lá do território das suas costas.
Os outros quatro homens da secção tinham-se deixado escorregar, sem um som, para a terra, e estavam agora deitados sobre o solo, colados ao solo, quase invisíveis, àparte o lume dos olhos, que brilhavam muito. Ele ajeitou as pernas, alargando-as ligeiramente e com uma lentidão precisa, levantou a G3 e encostou o rosto ao fuste, ajustando o olho direito em direcção ao orifício dodiopter. Não sabia porque é que se chamava assim, mas era assim e pronto. Ajuizou a distância que os separava e devagar, rodou-o para a marcar dos 200 metros, sem ruído.
Focou-o pelo orifício: o outro continuava a andar, num passo elástico e saltitante, característico dos muito magros; uma camisola de algodão esfarrapada que em tempos teria sido branca, ou mais provavelmente cinzenta, caía para cima das calças igualmente estropiadas; os pés iam nus e na mão transportava uma garrafa de vidro, o que fazia com certo cuidado.
Estavam agora na proximidade ideal. Ele levantou um poucochinho o cano da arma e a mira postou-se exactamente no enfiamento do tronco, algo saltitante, do outro, subitamente transformado em homem - alvo. Reter agora a respiração, fechar o olho esquerdo, palpar a folga do gatilho até ao ponto óptimo, corrigir a trajectória provável, fez tudo assim, fez tudo bem.
Respirou fundo e olhou os seus homens , que aguardavam completamente imóveis. Olhou de novo o homem que se aproximava: aquele era finalmente o IN, o que vinha mansamente na sua direcção, sem saber que tinha sido detectado. Procurou-lhe então a bandoleira da arma, que deveria vir suspensa sobre o ombro. Mas não tinha mais nada além da garrafa, onde oscilava um líquido turvo. Conseguia agora ver tudo, com espantosa nitidez; o rosto negro sulcado por duas rugas fundascomo molduras rasgadas em torno dos lábios grossos, os braços magros, o corpo ossudo, o andar descompassado, mas da arma nem sinal.
Sentiu então o corpo distender-se, e baixou ligeiramente o cano da espingarda, apontando-o para um ponto qualquer, ligeiramente para a frente dos pés do homem, e o tiro partiu. O estrondo sossegou o cantar das aves e momentaneamente o silêncio tornou-se completo. O homem estacara e súbito, em três cambalhotas de malabarista, mergulhou na mata.
Os seus homens levantaram-se e sacudiram o pó dos camuflados, olhando-o reprovadores. Um deles dirigiu-se para garrafa, e susteve-a pelo gargalo; lá dentro, marufofermentado convidava a um golo. A garrafa passou de mão para mão, e ele foi o último a pegar-lhe; uma garrafa de vidro com uma escala graduada numa das faces em tudo igual àquelasem que a mãe levava o vinho, metida no cabaz forrado por uma toalha branca, juntamente com duas panelinhas de alumínio brilhante, a da sopa e a do conduto, tudo ainda morno, a que se sobrepunha o odor do pão, forte, de trigo amassado em casa. E o pai era assim principescamenteservido à porta da fábrica, que dava para o rio, que corria sempre e sempre.
Pôs-se de pé. O sítio onde a bala embatera era apenas um sulco breve no barro que sustinha o capim. Tinha sede e sentia o aço quente do disparo. Correu a patilha para a posição S, deu uma pequena palmada sobre o carregador, e retomou a marcha.
Olhou para trás: os seus homens pegaram cada um nos braços da maca improvisada, onde bamboleava o cadáver do seu camarada, abatido algumas horas antes numa emboscada do inimigo. No silêncio que pesava, só os passos surdos sobre a erva.
- Furriel, disse o mais alto do grupo, o marufoestava quente...
E ninguém disse mias nada; afinal, não eram um bando de assassinos.
Rogério Carvalho
HERÓIS DO MUCONDO
Rei da manga de capote
Atum e feijão fradinho.
Pantagruel é um nabote
À beira deste “vaguinho”
De um pequeno furriel
È que veio a grande tática:
Bombardear sem cartel,
Mas com máquina fotogáfica.
Perito em comunicações
A sua arte era tal,
Que até tinha ligações
Dentro do bairro Marçal.
Era um queijo de eleição,
O do Reis fazua inveja;
E todos, sem excepção,
Queriam comê-lo, salvo seja!
- Furriel, ando doente
- Furriel, estou apanahdo…
Tratou bem toda a gente,
Ficou ele cacimbado.
Foi parar à Unidade
Por engano, com certeza,
Que a sua especialidade
Era o ténis de mesa.
Merecia um galardão
Pelo esforço inglório
De ter feiro a comissão
A chamar pelo Gregório.
Era duro de roer
O Raio do Açoriano:
Se lhe dava para beber
Ia tudo p’ro catano.
Com ele nada de vinho,
Tão pouco umas cervejinhas:
Se continuou poupadinho
Deve estar rico o “rodinhas”.
Para esquecer privações,
Mortinhos por dar à sola,
Nós diziamos palavrões
Ele acompanhava à viola.
Fez a guerra do Ultramar
E outra pior que ela,
Quando teve de lutar
Pelo concelho de Vizela.
Era a luta que ele tinha
E travava com desvelo:
Armado da escovinha
Não dava trégua ao cabelo.
O Eusébio botava giz
Mas às vezes tinha galo:
Descuidava-se, o infeliz,
Caía abaixo do cavalo.
Podia dar-lhe para pior,
Pôr-se agora a fazer rima…
Não estará o rimador
Apanhado do clima?!
OS NOSSOS LOCAIS
BAIXAS SOFRIDAS, PUNIÇÕES, LOUVORES E CONDECORAÇÕES
BAIXAS SOFRIDAS, PUNIÇÕES, LOUVORES E CONDECORAÇÕES
A – PERÍODO DE 24MAI71 A 31JUL71
1- BAIXAS
a. Em Combate
(1) – Mortos ……………………………………….. nada
(2) – Feridos …………………………………….. nada
(3) – Desaparecidos …………………………….. nada
(4) – Capturados pelo IN ………………………………………………... nada
(5) – Indisponíveis além de 30 dias ……………... nada
(6) – Indisponíveis evacuados para a Metrópole ... nada
b. Por outras causas
(1) - Mortos
- Soldado Atirador nº 61847470 – U – Manuel Lopes
de Azevedo, do RI 22 em diligência permanente na
C.Caç. 3348, em 25JUL71
(2) – Feridos
- 1º Cabo Atirador nº 60843470 – U – João Eduardo
Castro, do RI 22 em diligência Permanente na C.Caç.
3348, em 25JUL71
- Soldado Atirador nº 07714270 - António Pereira, da
C.Caç. 3348, em 25JUL71
- Soldado Atirador nº 13676570 – Manuel de Sousa, da C.Caç. 3348, em 25JUL71
(3) – Desaparecidos …………………………….. nada
(4) – Capturados pelo IN ……………………….. nada
(5) – Indisponíveis além de 30 dias:
- Soldado Atirador 13379070 – Manuel António do
Vale Saraiva
- Soldado Atirador 07582370 – José Fernando Ferreira
Pizarro
(6) – Indisponíveis evacuados para a Metrópole ….. nada
2- PUNIÇÕES
- Alferes Miliciano nº 07483670 – Manuel Capitão Couto André, da
C.Caç. 3346, repreensão agravada, pelo Comandante do B.Caç.
3840, em 18JUN71
- Alferes Miliciano nº 07483670 – Manuel Capitão Couto André, da
C.Caç. 3346, 5 dias de prisão disciplinar, pelo B.Caç. 3840, em
6JUL71
- 1º Cabo Atirador nº 61627869 – U – Augusto Valentim Neto, do RI
22, em diligência permanente na C.Caç. 3347, 5 dias de detenção disciplinar, pelo COM/AM1, em 6JUL71
- 1º Cabo Sapador nº 0102070 – José Lopes Mendes, da CEng, adido à CCS, 15 dias de prisão disciplinar,
Pelo Comandante do B.Caç. 3840, em 12JUL71
- Soldado Básico nº 02450469 – Joaquim da Silva Loureiro, da CCS,
25 dias de prisão disciplinar agravada pelo COM/AM1, em
6JUL71
- Soldado Atirador nº 60472670 – U – José Pedro Frederico, do RI
22, em diligência permanente na C.Caç. 3346, 15 dias de prisão
disciplinar agravada, pelo COM/AM1, em 7JUL71
- Soldado Atirador nº 05558470 – Higino Correia Alpoim Menezes, da C.Caç. 3346, 20 dias de perda de
gratificação, pelo Comandante do B.Caç. 3840, em 14JUL71
- Soldado Atirador nº 60728669 – U – Domingos Cando, do B.Caç.
2873-RI22, em diligência permanente na C.Caç. 3347, 5 dias de
detenção, pelo COM/AM1, em 28JUL71
- Soldado Atirador nº 60714670 – U – Artur Mário Gonçalves, do
RI22, em diligência permanente na 3346, 5 guardas, pelo
Comandante do B.Caç. 3840, em 2JUL71
- Soldado Atirador nº 61788470 – U – José Afonso, do RI22, em
diligência permanente na C.Caç. 3348, 5 dias de detenção, pelo
Comandante do B.Caç. 3840, em 12JUL71
- Soldado Atirador nº 61262270 – U – André Pedro Vicente, do
RI22, em diligência permanente na C.Caç.3348, 3 dias de
detenção, pelo CMD/CCaç. 3358, em 12JUL71
- Soldado Atirador nº 03009769 – Joaquim António Calado
Apolinário, do B.Cav. 2909, em diligência permanente na C.Caç.
3346, 15 dias de detenção, pelo CMD/DAA, em 2JUL71
3 – LOUVORES
- 1º Cabo Mecanico de Armas nº 07295870 – Benjamim
Moreira M. Francisco, da C.Caç. 3346, pelo Comandante do
B.Caç. 3840, em 6JUL71
4 – CONDECORAÇÕES
- Nada
B – PERÍODO DE 01 A 31AGO71
1- BAIXAS
a. Em Combate
(1)– Mortos ………………………………………... nada
(2)– Feridos ………………………………………... nada
(3)– Desaparecidos …………………………….. …. nada
(4)– Capturados pelo IN ……………………….... nada
(5)– Indisponíveis além de 30 dias …………........ nada
(6)– Indisponíveis evacuados para a Metrópole .... nada
b. Por outras causas
(1)- Mortos …………………………………….... nada
(2)-– Feridos…………………………………..….nada
(3) – Desaparecidos…………………………….. nada
(4) – Capturados pelo IN ……………………….. nada
(5) – Indisponíveis além de 30 dias:
CCS
- Soldado Básico nº 17424270 – Manuel Lourenço
Gonçalves
C.Caç. 3346
- Alferes Miliciano Atirador 07483670 – Manuel
Capitão Couto André
C.Caç. 3347
- Soldado Atirador nº 07625470 – José Ferreira dos
Anjos
C.Caç. 3348
- Soldado Atirador nº 17706770 – Joaquim António
Diogo Pereira
- 1º Cabo Atirador nº 60843470 – U – João Eduardo
Castro
- Soldado Atirador nº 07714270 – António Pereira
- Soldado Atirador nº 13676570 – Manuel de Sousa
(6) – Indisponíveis evacuados para a Metrópole …….. nada
c. PUNIÇÕES
- 1º Cabo Atirador nº 06952670 – João Carrilho Nobre, da C.Caç.
3346, 15 dias de detenção pelo Comandante do B.Caç. 3840, em
6AGO71
- Soldado Cozinheiro nº 05251770 – José Maria M. da Rocha da
CCS, 20 dias de prisão disciplinar agravada pelo B.Caç. 3840, em
9AGO71
- Soldado Auxiliar de Cozinha nº 112338770 – Domingos Pinto da
Silva, da CCS, 8 dias de detenção, pelo Comandante do B.Caç.
3840, em 9AGO71
- Soldado Auxiliar de Cozinha nº 15265870 – Emídio dos Santos
Oliveira, da C.Caç. 3346, 15 dias de detenção, pelo Comandante
do B.Caç. 3840, em 9AGO71
- Soldado Condutor Auto Rodas nº 05200870 – José Barbosa Soares,
da C.Caç. 3356, 20 dias de perda de vencimento, pelo Comandante
do B.Caç. 3840, em 13AGO71
- Soldado Atirador nº 08165570 – Bernardino Ribeiro Marinho, da
C.Caç. 3346, 10 dias de detenção, pelo Comandante do B.Caç.
3840, em 30AGO71
3 – LOUVORES
- 1º Cabo Enfermeiro nº 04639670 – Francisco Henrique
Antunes da Silva, da C.Caç. 3348, pelo Comandante do
B.Caç. 3840, em 9AGO71
- Soldado Condutor Auto Rodas nº 07670970 – José Carlos
Soares de Oliveira, da C.Caç. 3348, pelo Comandante do
B.Caç. 3840, em 9AGO71
4 – CONDECORAÇÕES
- Nada
C – PERÍODO DE 01 A 30SET71
1- BAIXAS
a. Em Combate
(1)– Mortos …………........……………………... nada
(2)– Feridos ……………………………………... nada
(3)– Desaparecidos ………………………….. …. nada
(4)– Capturados pelo IN ……………………….... nada
(5)– Indisponíveis além de 30 dias ……………. nada
(6)– Indisponíveis evacuados para a Metrópole .... nada
b. Por outras causas
(1)- Mortos …………………………………….... nada
(2)- Feridos
- Soldado Apontador de Morteiros nº 03379269 – José
David Ramos, do Pel.Mort. 216 6 Adido à CCS, em
1SET71
(3) – Desaparecido….…………………………….. nada
(4) – Capturados pelo IN ……………………….. nada
(5) – Indisponíveis além de 30 dias……………... nada
(6)– Indisponíveis evacuados para a Metrópole
- Soldado Apontador de Morteiros nº 03379269 - José
David Ramos, do PelMort 2166 Adido à CCS em 7
SET71
1 - PUNIÇÕES
- Soldado Cozinheiro nº 03761970 – José Marcelino Trigo do
Couto, da CCS, 5 dias de prisão disciplinar, pelo CMD/DAA
- Soldado Básico nº 16628370 – Manuel Vieira Moreira, da CCS, 20
dias de detenção, pelo Comandante do B.Caç. 3840 em 22SET71
3 – LOUVORES
- Referência elogiosa à C.Caç. 3348, pelo Comandante do
B.Caç. 3840, em 27SET71
Louvados colectivamente:
- 1º Cabo Sapador nº 12446770 – Joaquim Andrade Diniz, da
CCS, pelo Comandante do B.Caç. 3840 em 22SET71
- Soldado Sapador nº 11074670 – Manuel Fernando Galvão
de Andrade, da CCS, pelo Comandante do B.Caç. 3840,
em 22SET71
4 – CONDECORAÇÕES
- Nada
D – PERÍODO DE 01 A 31OUT71
1- BAIXAS
a. Em Combate
(1)– Mortos ………………………………………... nada
(2)– Feridos
- Soldado Atirador nº 08165570 – Bernardino Ribeiro
Marinho, da C.Caç. 3346, em 27OUT71
(3)– Desaparecidos ……………………………………………….. …. nada
(4)– Capturados pelo IN ………………………………………………….... nada
(5)– Indisponíveis além de 30 dias ………………………………………………….. nada
(6)– Indisponíveis evacuados para a Metrópole ….. nada
b. Por outras causas
(1)- Mortos …………………………………….... nada
(2)-– Feridos…………………………………..….nada
(3) – Desaparecidos ……….…………… ….. nada
(4) – Capturados pelo IN ……………………….. nada
(5) – Indisponíveis além de 30 dias
CCS
- Soldado Apontador de Morteiros nº 03379269 – José
David Ramos, do PelMort 2166 adido à CCS
C.CAÇ.3347
- Soldado Atirador nº 11332570 – Fernando Pereira
Gonçalves
- Soldado Atirador nº 14302470 – Manuel Francisco de
Almeida
C.CAÇ.3348
- 1º Cabo Atirador nº 18595970 – Domingos
N.G.Teixeira
(6) – Indisponíveis evacuados para a Metrópole ….. nada
2 . PUNIÇÕES
- Furriel Miliciano Atirador nº 02694870 – José Carlos Morais, da
C.Caç.3348 15 dias de detenção pelo Comandante do COM/AM1,
em 20OUT71
- 1º Cabo Atirador nº 61564470 – U – Tomas Carlos Roque, da
RI22,em diligência permanente na C.Caç. 3348 10 dias de
detenção pelo B.Caç. 3840, em 20OUT71
- Soldado Atirador nº 61494770 – U – Vicente R. Rocha, do RI22,
em diligência permanente na C.Caç. 3348, 10 dias de detenção,
pelo Comandante do B.Caç. 3840, em 20OUT71
- Soldado Atirador nº 61381870 – U – Paulino José Damião, do
RI22, em diligência permanente na C.Caç. 3348, 10 dias de
detenção, pelo Comandante do B.Caç. 3840, em 20OUT71
- Soldado Atirador nº 60462270 – U – Joaquim Domingos Andrá, do
RI22, em diligência permanente na C.Caç. 3348,10 dias de
detenção, pelo Comandante do B.Caç. 3840, em 20OUT71
3 – LOUVORES
- Referência elogiosa à C.Caç. 3347, pelo Comandante do
B.Caç. 3840 em 27OUT71
4 – CONDECORAÇÕES
- Nada
E – PERÍODO DE 01 A 30NOV71
1- BAIXAS
a. Em Combate
(1)– Mortos
- Soldado Atirador nº 13982770 – Fernando de Sousa
Mota Magalhães, da C.Caç.3348, em 26NOV71
(2)– Feridos ………………………………………... nada
(3)– Desaparecidos ………………………….. …. nada
(4)– Capturados pelo IN ……………………….... nada
(5)– Indisponíveis além de 30 dias
- Soldado Atirador nº 08165570 – Bernardino Ribeiro
Marinho da C.Caç. 3346
(6)– Indisponíveis evacuados para a Metrópole …….. nada
b. Por outras causas
(1)- Mortos …………………………………….... nada
(2)- Feridos………………………………………. nada
(3) – Desaparecidos ………………………….….. nada
(4) – Capturados pelo IN ………………………. nada
(5) – Indisponíveis além de 30 dias
CCS
- Alferes Miliciano nº 08124370 – Médico Miguel
Hart Campos
C.Caç.3347
- 1º Cabo Atirador nº 17217970 – Manuel Roque
Dias
(6)– Indisponíveis evacuados para a Metrópole …. nada
2 - PUNIÇÕES
- Soldado Atirador nº 07637870 – António Almeida Gonçalves da
C.Caç. 3348, 15 dias de prisão disciplina agravada, pelo
COM/AM1, em 17NOV71
- Furriel Miliciano Enfermeiro nº 02704869 – Joel de Moura
Figueiredo, da CCS, 10 dias de prisão disciplinar agravada, pelo
COM/AM1 em 19NOVT71
- Soldado Atirador nº 61788470 – U – José Afonso, do RI22 em
diligência permanente na C.Caç. 3348, 30 dias de prisão
disciplinar agravada, pelo COM/AM1, em 17NOV71
- Soldado Atirador nº 61387670 – U – Manuel Bolingo, do RI22, em
diligência permanente na C.Caç. 3346, 10 dias de prisão
disciplinar, pelo Comandante do B.Caç. 3840, em 1NOV71
3 – LOUVORES
- Alferes Miliciano nº 05850466 – Victor M. Neto Pacheco,
do PelMort 2166, adido à CCS, pelo Comandante do B.Caç.
3840, em 15NOV71
- 2º Sargento Infantaria nº 50091111 – António Fernandes de
Sousa, do PelMort 2166, adido permanente à CCS, pelo
Comandante do B.Caç. 3840, em 15NOV71
- Furriel Miliciano Atirador nº 08159069 – António Carlos A.
Correia, do PelMort 2166, adido permanente à CCS, pelo
Comandante do B.Caç. 3840, em 15NOV71
- Furriel Miliciano Atirador nº 05300169 – Adérito Gil do
Nascimento Valente, do PelMort 2166, adido permanente à
CCS, pelo Comandante do B.Caç. 3840, em 15NOV71
- Soldado Apontador de Morteiro nº 02230669 – António Luiz
dos Reis, do PelMort 2166, adido permanente à CCS, pelo
Comandante do B.Caç. 3840, em 15NOV71
- Soldado Apontador de Morteiro nº 04545669 – Manuel
Fernando da Silva Carvalho, do PelMort 2166,
adido permanente à CCS, pelo Comandante do B.Caç. 3840,
em 15NOV71
- Soldado Apontador de Morteiro nº 04547269 – Guilherme
António Cerqueira, do PelMort 2166, adido permanente à
CCS, pelo Comandante do B.Caç. 3840, em 15NOV71
- Soldado de Transmissões nº 04831869 – António Madeira
Gonçalves Gois, do PelMort 2166, adido permanente à CCS,
pelo Comandante do B.Caç. 3840, em 19NOV71
- Soldado de Transmissões nº 15678469 – Armindo Lais dos
Santos, do PelMort 2166, adido permanente à CCS, pelo
Comandante do B.Caç. 3840, em 19NOV71
- Soldado de Transmissões nº 03633669 – Manuel António
Lopes dos Santos, do PelMort 2166, adido permanente à CCS,
pelo Comandante do B.Caç. 3840, em 19NOV71
- Soldado de Transmissões nº 02968869 – Manuel dos Santos
Gerónimo Fernandes, do PelMort 2166, adido permanente à
CCS, pelo Comandante do B.Caç. 3840, em 19NOV71
4 – CONDECORAÇÕES
- Nada
F – PERÍODO DE 01 A 31DEZ71
1 - BAIXAS
a.Em Combate
(1)– Mortos ………………………………………... nada
(2)– Feridos …………………………………….. nada
(3)– Desaparecidos ………………………….. …. nada
(4)– Capturados pelo IN ……………………….... nada
(5)– Indisponíveis além de 30 dias ……………….. nada
(6)– Indisponíveis evacuados para a Metrópole …nada
b Por outras causas
(1)- Mortos ………………………………….... nada
(2)—Feridos
- Soldado Apontador de Morteiro nº 09344771 –
Joaquim Manuel do Rosário Carreira do PelMort 3060,
adido à CCS, em 3DEZ71
(3) – Desaparecidos…………………………….. nada
(4) – Capturados pelo IN ……………………….. nada
(5) – Indisponíveis além de 30 dias
CCS
- 1º Cabo Escriturário nº 12412070 – Horácio Sobral
Cordeiro
- 1º Sargento QSSGE nº 51341711 – João da Câmara
Lyra Fernandes
C.CAÇ.3346
- Soldado Atirador nº 09023970 – António Alves da
Silva
- Soldado Atirador nº 02324870 – José Raimundo
Rodrigues da Silva
C.CAÇ.3348
- 1º Cabo Atirador nº 18145470 – Américo Alves Silva
- Soldado Atirador nº 13708670 – José Pinto Couto
(6) – Indisponíveis evacuados para a Metrópole …….. nada
2 . PUNIÇÕES
- Alferes Miliciano Atirador nº 14164069 – Fernando Figueiredo dos
Santos, da C.Caç.3346 8 dias de prisão disciplinar pelo
Comandante do COM/AM1, em 6DEZT71
- 1º Cabo Radiografista nº 01941170 – Alberto Correia Palhares, da
C.Caç. 3347, 10 dias de detenção pelo Comandante do
B.Caç. 3840, em 31DEZT71
- Soldado Mecanico Auto nº 11709870 – Carlos Manuel Gaspar
Gonçalves da CCS , 15 dias de detenção pelo Comandante do
B.Caç. 3840, em 22DEZ71
- Soldado Condutor Auto Rodas nº 08589470 – João Manuel
Chaves, da CCS, 37 dias de prisão disciplinar agravada, pelo
Exmº Secretário de Estado do Exército, em 22DEZ71
- Soldado Atirador nº 14319070 – Manuel Brito Fontes, da C.Caç.
3347, 5 dias de detenção, pelo Comandante da C.Caç. 3347 em
31DEZ71
- Soldado Atirador nº 60409070 – U – Diogo Manuel Bernardo, do
RI22, em diligência permanente na C.Caç. 3346, 15 dias de
detenção, pelo Comandante da B.Caç. 3840 em 31DEZ71
- Soldado Atirador nº 61021470 – U – Juvenal Tito, do RI22, em
diligência permanente na C.Caç. 3346, 15 dias de detenção, pelo
Comandante da B.Caç. 3840 em 29DEZ71
- Soldado Básico nº 03009769 – Joaquim António Calado
Apolinário, do B.Cav. 2909, em diligência permanente na C.Caç.
3346, 10 dias de detenção, pelo CMD/DAA, em 15DEZ71
- 1º Cabo Atirador nº 17217970 – Manuel Roque Dias, da C.Caç.
3347, 8 dias de prisão disciplinar , por Sua Exª o Comandante da
R.M.M, em 22DEZ71
3 – LOUVORES
- Furriel Miliciano Atirador nº 04097470 - António Manuel
Borges Godinho, da C.Caç. 3346, pelo Comandante do
B.Caç. 3840 em 29DEZ71
- Furriel Miliciano Atirador nº 05848670 - António Manuel
Gonçalves Simões, da C.Caç. 3346, pelo Comandante do
B.Caç. 3840 em 29DEZ71
- 1º Cabo Atirador nº 00892670 – Paulo Eduardo C.R. Sécio,
da C.Caç. 3346, pelo Comandante do B.Caç. 3840 em
29DEZ71
- Soldado Atirador nº 05155770 – Victor Manuel M.
Cristino, da C.Caç. 3346, pelo Comandante do B.Caç.
3840 em 29DEZ71
- Soldado Atirador nº 17117270 – Luis Ventura M. da Silva,
da C.Caç. 3346, pelo Comandante do B.Caç.3840 em
29DEZ71
- 1º Cabo Atirador nº 61994669 – U - André Canganjo, do
RI22, em diligência permanente na C.Caç. 3347 pelo
Comandante do B.Caç. 3840 em 31DEZ71
- Referência elogiosa ao pessoal das Transmissões do
Batalhão, pelo Comandante do B.Caç. 3840, em 24DEZ71
- Louvados Colectivamente
- 1º Cabo Sapador nº 10772370 – José António O. Cunha, da
CCS, pelo Comandante do B.Caç. 3840, em 20DEZ7
- Soldado Básico nº 174992370 – Diamantino Eliziário, da
CCS, pelo Comandante do B.Caç. 3840, em 20DEZ71
- Soldado Atirador nº 08778870 – Victor Manuel Josué
Gomes, da CCS, pelo Comandante do B.Caç. 3840,
em 20DEZ71
- Soldado Atirador nº 05565670 – Luis Santos Menó, da
CCaç 3346, pelo Comandante do B.Caç. 3840, em
20DEZ71
4 – CONDECORAÇÕES
- Nada
2 comentários:
Atenção que este António Silva consta na listagem como elemento a da 3346.
<O António Silva da 3346 que consta como "morto", morreu mesmo e era de Mira D'Aire. Estivemos com a família e ele foi morto pelo sogro, numa disputa entre os dois. Foi o primeiro de que tivemos conhecimento.
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